Odiar o Nunca

Odeio esta vida, e pelo que vejo já nada posso fazer para a mudar. Ando sempre com a esperança de que será hoje, que tudo vira, que deixo de estar neste escuro. Preciso de uma mão que me tire daqui. Mas não é de qualquer forma... nem qualquer mão...

Quero a tua, que estavas sentada naquela naquela mesa e que olhavas para mim quando estava mais longe do mundo... Quando olhava para ti tu desviavas o olhar. Às vezes parecia-me que só me vias a mim por momentos. Só falavas comigo, não saías da minha beira, O teu olhar deixava-me colado a ti... Foi a primeira vez que um olhar tão tímido me atraiu... Falavas para mim num tom de voz mais meigo. Nunca te afastas-te de mim pelo teu próprio pé... Isso deixou-me feliz.

Bastou passar alguns minutos, eu tinha percebido que devia agir... Mas não deu, faltou-me espaço, e faltou a tua vontade. Eu sei o motivo, mas podias ter simplesmente ignorado, e por causa disso levas-te-me simplesmente como amigo... Ao menos podias ter deixado tentar. Nem essa hipótese tive. Magoas-te-me. Tive que deixar aquele lugar, e por causa disso nunca mais me viste. Se eu por acaso te encontrar novamente, com que cara é que vamos olhar um para o outro. Vamos simplesmente esquecer a atracção que ouve e seguir em frente? Com que cara é que vais olhar para mim depois de me teres desprezado? Com que cara é que eu vou olhar para ti depois de te ter deixado?

É por causa destas situações que eu tenho a sensação que é o fim. A situação não vai mudar. Às vezes fico desesperado. Cada vez parece que as coisas vão pelo melhor mas afunda-se tudo. Nem quero mais. Estou farto que me magoem e de saber que se calhar não sou bom o suficiente, para ninguém... Nunca vai deixar de ser o que é... e como eu odeio saber isso...